Diário de um Mestre #7: O retorno

Bom dia meus queridos, queridas e querides! Sejam bem vindos a mais um diário de mestre, de volta do nosso mais do que longo hiato! Vocês tavam com saudade? Eu tava!

Infelizmente não foi um recomeço com todos presentes, mas imprevistos acontecem e tá tudo bem. O importante é que tinha o quórum mínimo de quatro pessoas para a sessão rolar e que a jogadora cujo arco tá relacionado diretamente tá presente.

Mas, antes de começar os relatos do que aconteceu com nossos aventureiros, quero começar com outro ponto.

Owlbear Rodeo

Vocês podem não lembrar, afinal o diário de um mestre completamente tomou esse blog, mas eu antes escrevia alguns artigos técnicos, como um bom mano de TI que sou. Eu tenho um interesse genuíno em boa tecnologia e às vezes eu tenho meus momentos nerd de ficar obsessivo com detalhes técnicos de softwares. Imaginem minha surpresa quando, numa das mesas que jogo como player, fui apresentado a um sistema de VTT simples, performático e com um design elegante pra ser usado durante um combate.

Essa foi minha introdução ao Owlbear.

Fiquei obcecado! Caí em cima do YouTube deles pesquisando não só sobre como eles funcionavam, mas como eles fizeram um sisteminha tão eficiente. Tive experiências no DiceRight, que achei um tanto quanto travado e lento, e no Roll20, que é bem eficiente, embora um tanto quanto confuso em termos de UI, mas o Owlbear me surpreendeu positivamente quando comparado com esses dois. Ele tem um propósito muito claro de ser um tabuleiro virtual eficiente acima de tudo. Ele permite rolagem de dado, colocação de tokens e um sistema bem eficiente de fog of war, mas não tem as conveniências de gerenciamento de ficha que o Roll20 tem.

Ademais, estava fascinado. Decidi que quando a mesa voltasse, testariamos o Owlbear pra ver o que a galera acha. Então tenham em mente que essa sessão, além do retorno, foi um grande teste de um dos melhores VTTs que eu já tive a experiência de usar. Vou entrar em mais detalhes na conclusão sobre meu review do primeiro uso como mestre.

Dito isso, onde paramos mesmo? Ah é, foi cada um pro seu canto, mas depois eles iriam se juntar na…

Taverna de Elphora

Rorick não podia estar mais feliz. Nem mais bêbado! Estabelecemos que ele é um beberrão a essa altura e ele abraçou o personagem, decidindo que estaria de bruços na mesa, rolando um d20 pra ver se ia continuar dormindo (10 pra cima) ou levantar a cabeça.

Enquanto isso, todo mundo estava se atualizando do que aconteceu. Gepeto não tinha muito a reportar, mas Lari contou suas experiências nada ideais com Akravati, o padre com desilusões de grandiosidade. A party não sabia muito como lidar com o problema do padre até que Lillian apareceu no bar, esbaforida.

Ela não demorou pra relatar o que aconteceu (embora o seu familiar humano tenha bugado no Discord na hora da narração). Gideon estava recrutando eles para um ataque à Hedone nessa noite. O problema? O ataque seria de oportunidade! Oportunidade essa mediante o fato deles deixarem que os seguidores de Hedone pretendiam atacar Deiros.

Lari, compreensivelmente, deu um surto. Como assim deixar Deiros ser atacada? Ela conhecia Deiros, sabia que, embora a ordem de clérigos de Aureus não fossem descartáveis, não eram capazes de sobreviver um ataque de grande escala.

Mas qual era a escala real dos seguidores de Hedone? O que eles eram capazes? Eles podiam se dar o luxo de confiar nas defesas de Deiros e aproveitar a oportunidade?

Lillian acreditava que sim. Era uma oportunidade de ouro para atacar a igreja quando eles estavam abertos. Infelizmente para ela, foi voto vencido. Gepeto, cujo interesse em proteger era maior do que tudo, não parecia interessado em deixar um vilarejo indefeso. Rorick… bom, Rorick não estava muito lá. Podemos dizer que foi voto comprado.

Ou voto bebido? Ok, talvez voto bebido.

Lillian é uma rogue, não é desacostumada a trabalhar sozinha, mas dessa vez decidiu acompanhar o grupo. Não faria sentido acrescentar uma pessoa às tropas de Gideon. Seria muito mais útil com a party. Sendo assim, decidiram o próximo destino: Deiros!

No entanto, pra chegar lá, precisavam ir para o…

Assentamento de Comerciantes do Sudeste

Aqui o owlbear brilhou. Ou pelo menos eu brilhei com ele. O mapa que eu uso para os assentamentos é o mesmo, mas tecnicamente o assentamento sudeste teria o interior de Elphora para o norte e o exterior para o sul. No entanto, o mapa é horizontal.

No roll20 eu não consigo rodar esse mapa por nada na minha vida. No owlbear, foi tão rápido que quase chorei de felicidade. Sério gente, software bom é outra coisa.

Chegando no assentamento, a muvuca de sempre. Mercadores esperando liberação pra entrar, guardas nos portões e pessoas mal encaradas vagabundeando pelos arredores. Para além disso, havia civis rodeando no exterior, o que era incomum.

Mas nada que abalasse nossos heróis. O grupo seguiu andando, mesmo quando esse mesmo grupo de civis tentou fechar o caminho deles. Alguns perguntavam pra onde eles estavam indo, outros os encaravam feio, mas nenhum deles quis ter problema com um Rorick poucas ideias, que já tinha desembainhado seu martelo de guerra.

Enquanto isso acontecia, Lillian fazia seu detour, procurando um dos homens de Gideon para contar que não participaria de planos e seguiria seu próprio caminho. Não teve dificuldade para encontrá-los no assentamento, mas tentar contato foi surpreendentemente difícil. Para olhos treinados, nada estava acontecendo ali, mas Lillian conseguia perceber um diálogo extenso entre os capangas do Punho de Ferro.

Eles pareciam estar listando uma série de lugares de Elphora, seguidos de negativas. Assentamento norte? Não. Sudeste? Não. Sudoeste. Também não. Nem na taverna, muito menos no mercado central. Lillian não conseguiu acompanhar mais o diálogo pois, embora ela não o tivesse visto (mais uma vítima de dados ruins), ele conseguiu vê-la.

Um homem, aquele que a ajudara a encontrar Gideon na sessão passada, a reconheceu. Com um sinal, chamou-a para um canto afastado do resto do grupo. Lillian, sem preocupação sobre um possível sequestro relâmpago, foi encontrá-lo sem hesitação.

Ele parecia apreensivo, o que nunca é um sinal bom. Certificou-se que estavam sozinhos e já começou o interrogatório:

“Você se encontrou com o Gideon agora a pouco, correto? Sobre o que vocês conversaram?”

Lillian estranhou, mas compartilhou as informações. Ele parecia surpreso que seu chefe a tinha convocado para participar na incursão à Igreja. Quando Lillian o perguntou sobre o que estava acontecendo, ele a confidenciou algo estranho

“A incursão em Hedone não vai mais acontecer. Pouco depois do seu encontro com Gideon, ele desapareceu. Eu estou no comanado agora e as ordens principais são encontrar o chefe.”

Temos mais um desaparecido na lista! Para a sorte de Lillian, o homem que conversou com ela era um dos poucos que não parecia acreditar que ela tinha envolvimento no desaparecimento. Tinha suspeitas maiores de Lunala, que também não deu o ar da graça. Imagina se ela tivesse puxado papo com outra pessoa?! Ia estrear iniciativa antes do esperado!

Agora, quem é Lunala? Não sei, não perguntaram então vou manter a explicação pra quando eu tiver certeza que meus jogadores tenham certeza de quem seja! Mas podem fazer teorias, eu deixo.

Bom, temos um Gideon desaparecido, entrando na lista junto com o Clayton. Tudo isso depois dos seguidores de Hedone aparecer. Muito estranho, realmente… E por falar dos seguidores, eles ainda estavam encarando feio a galera enquanto todo esse side plot da Lillian rolava. Claro, encarando de uma distância segura do martelão do Rorick. Gepeto estranhou até, afinal, não estavam armados mas agiam como se quisessem causar problemas.

Mas dentre eles tinha uma figura tentando apaziguar a situação. Acalmando os nervos da galera, com frases como “Calma, gente, não precisa olhar feio assim pra todo mundo” ou “eles são só aventureiros, vocês tão se preocupando com nada…”. Um tiefling, de cabelos castanhos e vestimenta comum, assim como os outros.

Uma menção sobre como “olha esse cara que vocês provocaram, claramente tá comemorando uma missão bem sucedida” que atiçou a curiosidade de Rorick. Perguntou como ele sabia disso.

“Bom, bebidas não são de graça por aqui.”

Puts, é verdade né.

Foi um quebra-gelo bom o suficiente para que ele e o grupo começassem a conversar. Pelo menos pra Gepeto, já que Lari só queria meter o pé dali. Nosso construto conseguiu tirar algumas informações do sujeito. Se chamava Demetrius e era um dos seguidores de Hedone. Conhecia Akravati, que era o padre principal da Igreja. Fora isso, era só um cara comum.

O melhor foi como Gepeto conseguiu o nome do homem. Num momento em que eram convidados a participar de um culto de Hedone, nosso NPC tiefling se apresentou para o colega.

“Espero que possam comparecer lá. Prazer, Demétrius. Seu nome é?”

“Muito obrigado seu Demétrius, foi um prazer.” e foi embora sem pestanejar.

E é assim, senhoras e senhores, que você esconde sua identidade sem esforço! Rejeite as normas sociais, abraçe o jeito “valeu, falou” de agir!

Foi dessa forma que nosso grupo continuou seu caminho. Lari estava com pressa, afinal das contas. Tanta pressa que (com um 3 em arcana) não pressentiu nada de mágico diferente no local onde estavam. Como poderia? Tinham menos de três horas para o sol se pôr! Tinham que seguir o…

Caminho para Deiros

Silêncio.

A estrada que dava para o vilarejo de Lari era minimamente movimentada, com comerciantes procurando negócio com moradores do vilarejo no meio termo que era a estrada por entre a mata alta, então ver a ausência de qualquer alma por perto era um tanto quanto assustador. O sentimento de que o tempo tinha levado embora a familiaridade que nosso grupo tinha com o mundo era estarrecedora, especialmente para nossa clériga.

E é aqui que a gente acidentalmente quebra um pouco a quarta parede. Eu puxei as fichas de geral do roll20 para outro sistema, mas esqueci que não peguei a percepção passiva. Quando perguntei qual era o valor desse status pra minha party, digamos que eles ficaram… tensos.

Lillian pediu um teste de percepção para ver se conseguia perceber algo de estranho, já que Lari comunicou pra galera a estranheza do momento. Com um bem rolado 18, não tive como não esconder dela um pequeno mínimo ridículo esdrúxulo descartável detalhe que estava na estrada à frente para quem conseguisse ver.

Armadilha. Uma pequena corda no chão, esperando que algum desavisado passasse por cima dela. O mecanismo que era ativado por pisar na corda não era aparente para Lillian, mas tinha bom senso o suficiente para não pisar onde não devia.

Nosso grupo de heróis começou uma lenta caminhada pela estrada, atentos à armadilhas, que Lillian desarmava com facilidade. Havia uma bifurcação na estrada. A maioria foi pelo caminho da esquerda, mas Rorick decidiu rolar percepção para ver se conseguia ver alguma diferença entre os caminhos.

20 natural.

É gente, ele não só viu que havia duas armadilhas, uma em cada caminho, como também conseguiu ouvir o barulho de uma delas sendo armada naquele momento. Queria descobrir quem era. Abandonou o grupo e rolou stealth para tentar se aproximar da criatura que a preparava.

Outro 20. Mas foi um 20… sujo?

20 no total. Com os modificadores e tal. Isso.

Se esgueirou pela mata alta, tirando proveito de sua baixa estatura de anão, e deu de cara com uma mulher. Aasimar, pelo que parecia, com cabelos loiros ondulados, completamente compenetrada em amarrar a corda e engatilhar a armadilha.

Ele a tinha encontrado! Quem quer que fosse. Tinha que avisar o grupo! Mas como fazê-lo sem alertar a mulher? Foi aí que Rorick tentou sua melhor expressão de linguagem de sinais, para nada mais nada menos que Gepeto, que tinha que rolar inteligência crua, com um modificador de -1 no resultado.

E Gepeto tirou um 9.

É gente, Rorick tentou. Como diriam os poetas da atualidade, he tried so hard and got so far, but in the end, nothing even mattered. Gepeto desistiu de entender o colega e foi ajudar Lillian a desarmar mais uma armadilha. Quando voltou para espionar a pessoa que encontrara, ela mesmo já tinha metido o pé para algum lugar.

Mas se vocês acharam que os encontros acabariam por aí, vocês estão mais do que enganados! Ou será que estão certos? Porque tecnicamente não é um encontro, mas um reencontro.

No meio do mato alguém ouviu os passos da galera e as conversas avulsas de “desarma isso aí pelamordedeus”. Não reconhecia as vozes. Eram vozes de um ano atrás, como poderia? Também não importava, afinal, estavam desfazendo seu árduo trabalho! Tinha que fazer alguma coisa.

Da mata alta, brandindo uma espada velha mas agora afiada e caminhando com dificuldade devido à perna de pau, saiu, gritando, ninguém menos do que Clayton.

Lari expressou surpresa. Lillian, felicidade. Gepeto tomou um susto e gritou pro Rorick pegar ele. E Rorick brandiu seu martelo!

Sim, pasmem: iniciativa. Contra o Clayton.

Coisas que só acontecem quando a gente quer testar um VTT novo, não é mesmo? Graças a tudo que é sagrado, Lillian conseguiu agir antes de Rorick e decidiu bloquear o ataque com seu próprio corpo. Os dados e o AC alto dela ajudaram, e a martelada do anão passou bem longe do nosso NPC querido.

Depois dos ânimos se acalmarem, voltamos à diplomacia. A primeira coisa que perceberam foi estranha: Clayton estava magro, terrivelmente magro. Segundo ele, a igreja de Hedone parecia estar fazendo táticas sujas para garantir uma vantagem na luta dessa noite. Fazia um tempo que eles tinham dissuadido comerciantes de fazer comércio com Deiros, na tentativa de enfraquecê-los pela fome.

Estava funcionando. A situação de Deiros estava crítica. Mas Clayton tinha um plano.

Primeiro, montar armadilhas pelo caminho para Deiros de forma a criar uma vantagem no combate contra as tropas da igreja. Além disso, ele e mais alguns paladinos de Aureus lutariam contra os seguidores de Hedone até o último suspiro. Não acreditavam que conseguiriam ganhar, por isso contavam com… um plano B? No caso se planos B fossem feitos ao mesmo tempo que os planos A. Segurariam as forças de Hedone enquanto a cidade de Deiros seria evacuada. Além de preparar armadilhas, eles abriam um caminho por entre a mata alta da estrada para criar uma rota de fuga para os civis.

Não só era um plano difícil, como também muito grande para uma pessoa só executar. Como ele faria isso tudo sozinho? E para onde os refugiados iriam? Deiros era o único vilarejo aasimar que existia, pelo menos pelo que Lari sabe!

Foi aí que Clayton revelou (sob pressão de Rorick, que deu um exposed durante a explicação dele) que não estava sozinho, e, depois de sinalizar para que aparecesse, da mesma mata que se escondia saiu a mulher misteriosa que preparava as armadilhas.

E esse foi possivelmente o NPC que a party mais achou suspeito de todos. Ela se apresentou como Erida e estava liderando a evacuação de Deiros. Quando foi cumprimentar Lari, uma rolagem boa de percepção fez com que ela notasse uma pequena tatuagem em seu braço. Era algo extremamente incomum, considerando que ninguém no vilarejo de Deiros tinha tatuagens. Naturalmente, nossa clériga perguntou pra ela sobre isso. Ela desviou do assunto, visivelmente incomodada com o tópico.

Todos instantaneamente pediram um insight pra ver se ela estava escondendo alguma coisa.

Todos falharam.

Erida mal chegou e já foi colocada na lista de indivíduos suspeitos da party. Um feito único, honestamente.

Além de suspeitar da Erida, o grupo duvidava muito do plano dela. Deiros era uma cidade pequena, sim, mas grande o suficiente para uma evacuação ser longe de trivial. Poderia ela ser uma infiltrada da igreja, querendo sabotar a cidade com um plano falho? Se ao menos tivessem rolado um dado para descobrir…

Faltava uma hora para o pôr do sol. Tinham que decidir logo o que fariam antes do anoitecer. Lillian optou por ficar para ajudar Erida na remontagem das armadilhas que tinham desarmado. Rorick optou por ajudar Clayton a abrir o caminho pela mata alta. Já Gepeto e Lari queriam entender o que os aasimar achavam desse plano de evacuação. Era algo que Lari não entendia como estava sequer sendo considerado, mas por outro lado já tinha se passado um ano.

Foi assim que nosso grupo de heróis, ou melhor, nossa dupla, foi em direção ao mais que antecipado vilarejo de…

Deiros

A situação era pior do que Lari imaginava.

O vilarejo estava com muito menos gente do que quando Lari começou sua peregrinação com Andrômeda. Tinham entendido errado: Deiros já estava sendo evacuada. Por um lado, facilitaria a evacuação emergencial da noite, afinal só sobravam 30 civis. Por outro, se Erida não podia ser confiada e tudo era uma armadilha, Deiros já estava em perigo.

Mas esse não era o pior. Quem sobrou no vilarejo estava com sinais claros de fome extrema. Se moviam de forma letárgica, mas ainda faziam o que precisavam. Determinação não faltava, só a capacidade de agir com ela.

Lari não entrou despercebida em Deiros. Os que a viam a reconheciam, e o burburinho entre os adultos começou. Uma criança, sem se preocupar com esse tipo de decoro, já começou a cantarolar feliz para todo mundo quando reconheceu a clériga. “A Tia Lari chegou!”

Agora os olhos estavam todos nela. Inclusive, um par de olhos familiar.

Da árvore central do vilarejo surgiu um vulto, levantando-se do banco onde estava sentado e abrindo seus braços, caminhando em direção à clériga. O reconhecimento dela foi instantâneo. Era seu mentor, o líder religioso dos clérigos de Aureus, o homem que enviou Lari em sua missão: Altair. Um tanto mais magro e bem mais velho do que ela lembrava, ele veio em sua direção chamando seu nome.

“Polaris, minha querida, você finalmente voltou!”

Num vilarejo onde temos todo mundo com nome de estrela, vocês realmente acharam que o nome dela era só Lari? Heh.

E finalmente eu vou poder parar de ficar confundindo Lari e Lillian! Foi uma sessão de muito progresso!

Os dois foram de encontro um ao outro. Altair abraçou Polaris com toda a força que seu corpo esfomeado podia e, nesse abraço, ela sentiu uma lágrima molhar o ombro no qual ele repousava a cabeça. Foi sutil, uma confidência entre os dois. Ele desfez o abraço, ainda feliz de tê-la encontrado viva, e os dois botaram o papo em dia.

E papo não faltou. Altair confirmou o que Clayton tinha dito: eles estavam sendo alvo da igreja de Hedone, até que o aventureiro aposentado apareceu junto com Erida numa tentativa de ajudar o vilarejo. Juntos, começaram a evacuação e a abertura do caminho pela floresta. No entanto, perceberam que não teriam tempo de esvaziar Deiros antes que os seguidores de Hedone atacassem. Foi aí que Clayton, junto com os paladinos da ordem de Aureus, decidiram que fariam sua última resistência, para garantir que o máximo de sobreviventes conseguissem escapar.

Altair confessou que o desespero da situação pode ter influenciado sua decisão de aceitar a proposta de Clayton e Erida, mas que ainda acreditava que era o melhor plano que tinham. Deiros poderia ser reconstruída, mas seus habitantes não.

Polaris não perdeu tempo.

“O que as estrelas dizem sobre Erida?”

“Elas vêem uma criança com medo, mas determinada. Ela não é uma estrela à esmo num mar de escuridão. Ela tem uma constelação consigo.”

Falando assim parece até que eu sei narrar isso tudo de improviso né? Tenham em mente que esses diálogos aqui saem bem mais polidos nos posts do que na sessão ao vivo. Acaba sendo um bom jeito de “aplicar um retcon” e explicar minhas ideias melhor pros players que lêem isso aqui. Inclusive, salve pra quem tá lendo. Quem provar que leu isso aqui vai ganhar um DC reduzido pra um teste importante na próxima sessão…

Bom, Altair acha que pode confiar em Erida. Polaris confia em Altair. E, querendo ou não, o plano já tá no meio do caminho. Sendo assim, Polaris decidiu ajudar na evacuação, enquanto Gepeto optou por conversar com os paladinos que lutariam ao seu lado. Talvez para instruí-los? Palavras inspiradoras sobre como proteger é legal? Quem sabe…

O que sabemos é que essa decisão marcou o fim da sessão!

Conclusão

D&D é tão bom, gente…

Eu estava uma pilha de nervos pra mestrar de novo, tava muito tempo enferrujado. Mas durante a sessão, deu tudo certo. Um momento ou outro eu me perdi, mas o saldo foi bem positivo.

Sobre o Owlbear Rodeo, eu gostei muito da experiência de usar. É bem performático, tem efeitos legais que dá pra botar nos mapas sem dificuldade e é bem voltado pra ser só um tabuleiro digital eficiente!

Infelizmente, acho que a galera não gostou muito. No nosso Roll20, a galera usa muito os handouts de player pra fazer anotações da sessão, feature essa que não existe no Owlbear. Além disso, alguns sentem falta da conveniência de só clicar no atributo da rolagem pra fazer os testes. Ficar verificando a ficha pra ver qual bônus é de cada status era que nem achar quebra mola na rua, do nada você freiava o que tava fazendo pra lidar com aquilo.

Confesso que eu prefiro assim. Eu gosto de entender minha ficha, e quanto mais ela é tercerizada pelo sistema que eu tô usando, menos eu entendo do meu personagem. Pelo menos é assim que eu me sinto como um player iniciante. Essas facilidades me roubam o aprendizado do sistema.

Acho que o que realmente me incomodou é a questão da ficha.

Eu gosto de ter acesso às fichas dos meus jogadores pra saber o que eles podem ou não podem fazer. Normal. Mas quando a gente remove o Roll20 da equação, também removemos o lugar unificado onde eu posso ver a ficha de todo mundo. Isso gera duplicidade. Eu tenho uma versão da ficha deles e eles tem outra, o que gera uma necessidade de sincronização.

É um problema não trivial. Existem alguns aplicativos que lidam com fichas de D&D, mas já testei e são entupidos de propaganda, então tenho ranço imediato. Outros apps, tipo o Aurora Builder, eu não consigo botar pra funcionar no meu Linux. Skill issue? Sim. Mas o importante é que não temos um método unificado, e isso é ruim.

Por isso, estou considerando se vou ou não continuar usando o Owlbear na minha mesa. Talvez volte para o Roll20 pela conveniência do acesso às fichas. Ou talvez encontre um meio termo!

Pros meus leitores jogadores de RPG, aceito sugestões. Mas, por enquanto, ficamos por aqui. Muito obrigado pra todos que leram até aqui! Beijo na bunda de todos.