Bem vindos à quarta sessão da nossa mesa sem nome! Dessa vez, estamos cada vez mais próximos do final da escolta de Andrômeda à Skybridge.
Mas por que eles tem que levar ela pro topo da montanha? O que os aguarda lá? Que fim terá a garota?
Isso descobriremos quando chegarmos no topo! Por enquanto, ainda estamos na…
Subir uma montanha não só cansa como toma tempo. Quando nosso grupo estava mais ou menos na metade da subida, o sol já estava prestes a se pôr. Não era tão seguro para eles continuar o caminho no escuro, então decidiram tomar um tempo para acampar.
A estrada que estavam beirava a descida da encosta da montanha. A frente, conseguiam ver o desenho de estradas, que se uniam e separavam até encontrarem cidades, pequenas e grandes, num desenho das veias da civilização para além de Elphora. Desconhecido para uns, familiar para outros, mas fascinante para todos.
Para a sorte de nossa party, encontraram uma pequena alcôva na estrada onde poderiam acender uma fogueira providencial e se abrigarem para a noite. Gepeto, sendo um warforged, ficou de guarda o tempo todo. Porém, para não deixá-lo sobrecarregado, decidiram que tomariam turnos também.
Tudo isso organizado e com a fogueira já acesa, começou a resenha. O principal assunto não tinha como não ser a nova (ou melhor, verdadeira) identidade de Aubrey: Rodrick Hardhand. Infelizmente para Teclis, seu novo colega lhe confirmou que sim, o robe que vestia, brutalmente rasgado no combate, era mágico, capaz de disfarçar a verdadeira identidade de alguém. Rodrick lembrava que um amigo tinha dado o robe para ele, mas nada além disso.
Enquanto isso, Gepeto falhou um teste de percepção. Isso certamente não será importante daqui a pouco…
Outro assunto que se tornou pertinente no grupo foi o sotaque de Lillian! Ela era uma estrangeira que vinha de um lugar bem longe, mas de onde, exatamente? Rodrick ficou interessado na possibilidade dela conhecer um velho amigo dele, mas não chegou numa conclusão satisfatória. Lillian parecia ser de bem longe mesmo!
Rodrick também falhou um teste de percepção. Sim, as árvores são árvores e os animais, animais…
Antes que conseguissem continuar a resenha, uma criatura se fez presente na estrada pela qual percorreriam no dia seguinte. Uma não, cinco, se contar os animais que a acompanhavam. A luz da fogueira iluminava uma elfa de cabelos ruivos vindo à distância, com uma dupla de coelhos e ursos ao seu lado. Ela não parecia querer muito papo. Sua aproximação foi gradual e sua pergunta, simples?
“O que trás vocês à Skybridge?”
A primeira resposta do grupo foi que eram aventureiros, mas não parecia ser suficiente para a elfa. Afinal, aventureiros eram incomuns naquelas terras.
Não havia tesouro a ser encontrado em Skybridge, pelo menos não tesouro que atraissem pessoas como as que eles alegavam ser. O lucro a ser feito em Skybridge era outro. Minérios; flora; fauna… coisas que só podem ser tiradas da terra à força.
A elfa só cedeu quando Jorc mencionou que trouxeram suas próprias rações e que não tinham interesse em caçar na região. Sua feição se tornou mais relaxada e, como se em resposta, os ursos se afastaram dela brevemente, fora do estado de alerta. Os dois coelhos não pareciam preocupados com a tensão da conversa. Desde o começo estavam brincando sozinhos num canto, atraindo a atenção de Andrômeda e ao mesmo tempo de Lari, que impedia que a garota se aproximasse dos bichos.
Para o alivio de Lari, que estava reclamando disso desde a primeira pergunta que a elfa fez, ela se apresentou como Flyan, a druida responsável pela montanha de Skybridge.
Pertencente de uma família de elfos que protegem Skybridge por séculos, ela cuida das terras e garante que caçadores não tenham sucesso nas suas empreitadas na montanha. Não costuma ver grupos assim pela montanha, então assumiu o pior, mas ficou feliz de saber que estava errada.
No momento que os dois reconheceram que não representavam ameaça uns para os outros, uma chuva de perguntas aconteceu:
Jorc perguntou sobre a chuva de meteoros. Tinha acontecido algo na montanha por causa disso? Flyan negou. Curiosamente, essa chuva, embora muito atípica, não parece ter afetado a montanha, mesmo tendo vindo do topo dela.
Teclis começou a indagar sobre o que Flyan sabia de magia e se tinha como ajudar com um certo livro que ele tinha em sua posse. Para a tristeza do nosso mago, Flyan não sabia muito bem como ajudá-lo, embora se lembrasse vagamente de uma ladina que tinha isso em posse…
Quando perguntada sobre o tipo de gente que aparece em Skybridge, ela mencionou que além dos mal intencionados, costumam receber viajantes em peregrinações religiosas.
Lari ficou quieta.
O grupo insistiu na pergunta e descobriram que é bem comum que algumas tribos aasimar enviassem grupos em peregrinação religiosa. São um dos poucos grupos que é permitida a passagem em Skybridge.
Lari ficou mais quieta.
O grupo perguntou por que a peregrinação acontece. Flyan sorriu e respondeu “a floresta tem seus segredos, assim como eu. Sejam bem vindos à montanha, aproveitem sua estadia”. Por fim, despediu-se e saiu da cena, levando com ela os dois ursos e, infelizmente, os coelhos também.
Acho que nesse momento a Lari voltou a respirar.
Agora que tá liberado dormir, o grupo seguiu em frente com os turnos que tinham planejado pra noite. Nada aconteceu no primeiro turno, mas o segundo teve alguns momentos interessantes.
O turno era de Lari, Lillian e Jorc. Tecnicamente era de Gepeto também, já que ele não dorme, mas ele só ouviu enquanto a galera conversava.
Entre eles estava uma Andrômeda sonolenta. Ela parecia estar lutando contra o sono, uma batalha tão intensa que resistiu até a calada da noite. Cercada pelo brilho fraco da fogueira que se apagava e pelo manto de estrelas que adornava o céu, seus olhos foram de encontro às pessoas ao seu redor. Viu Jorc e Lillian de pé e foi se juntar a eles. Lari estava ali, claro, mas sabia que a companheira só ia pedir novamente para que tentasse dormir.
O grupo a recebeu sem protesto. Jorc perguntou se estava tendo problemas na hora de dormir.
“Sabe, eu gosto de vocês. Espero que a gente possa se ver de novo depois disso.”
Lillian e Jorc foram pegos de surpresa com as palavras da garota. Pareciam ser de despedida. Eles não sabiam porque estavam levando-a para o topo da montanha, muito menos o que aconteceria depois. Não adiantaria perguntar, Lari negaria qualquer explicação como sempre fizera. Mas aquele não era o momento para esse tipo de pergunta.
“Claro que a gente vai se ver depois, menina. Não se preocupe com isso… aqui, deixa eu tocar algo pra você dormir.”
Jorc puxa seus bongos e toca uma música baixa o suficiente para não acordar o resto do grupo ao mesmo tempo que entretem a menina. Não demora até que ela pegue no sono, descansando a cabeça no ombro de Lillian.
Lari se aproxima dos três, pegando a garota e a colocando numa posição melhor para dormir. Um pequeno momento de silêncio se sucede, nenhum dos três sabendo o que falar, até que Lillian decide quebrá-lo:
“Ela vai ficar bem?”
“Eu não sei, mas eu espero que sim”, responde Lari, olhando para as estrelas como quem procura por alguma confirmação.
Depois desse lindo momento, todo mundo foi dormir. Mas não se preocupem, os três ganharam inspiração, só não foi agora.
Acordados e descansados, o grupo foi em direção ao topo da montanha. Chegando lá, a vista era como uma extensão do lugar onde estavam anteriormente, mas estendida para todas as direções. Os olhos atentos conseguiram encontrar a estrada que levava a uma agora minúscula Elphora.
No topo da montanha, nosso mago da party reparou algumas coisas curiosas: primeiro, desenhos no chão, erodidos com o tempo mas um tanto quanto distintos, irregulares demais para serem feitos pela natureza. Acima deles, conseguiu perceber uma quantidade considerável de mana dispersa. Não é comum algo assim, mas também não parecia ser nada coordenado.
Não demoraria para que ele encontrasse a linha que uniria todos esses pontos avulsos, mas não seria agora.
Segundo Lari, eles teriam que esperar até a noite para continuarem, então tinham tempo para matar. Rodrick e Gepeto decidiram andar por aí e conversar. O assunto? Não sei, alguma coisa sobre martelos de guerra e minérios. Eles são melhores amigos agora.
Teclis optou por uma meditação, canalizando sua mana e se conectando com o ambiente. Talvez isso ajudasse a entender que tipo de lugar o topo de Skybridge realmente é.
Lari, Andrômeda, Jorc e Lillian decidiram fazer a segunda rodada dos jogos de carta. Uma longa sessão de jogatina, mas pelo menos seria honesta, porque Lari fez questão de falar para a Lillian que ela viu a roubalheira que rolou na outra sessão.
Enquanto o tempo passava, Teclis começou a perceber um fenômeno interessante: o fluxo de mana descoordenado que corria por cima da cabeça deles parecia se organizar conforme o sol de punha. Ele parecia correr num sentido organizado, tal qual um rio, se aproximando do topo da montanha progressivamente.
Uma vez que o sol de pôs, Lari encerrou o jogo. O grupo, percebendo que algo estava para acontecer, se afastou um pouco dela e da garota.
Chegou a hora.
Com uma agilidade que só a prática permite, ela usa o cabo de sua maça para desenhar na terra uma réplica da constelação que está acima do grupo. Ela nem precisa olhar para cima para conferir se está correto. Já sabia tudo de cor.
Uma vez feito o desenho, Lari se agacha com um joelho no chão e começa a entoar o cântico que lhe fora ensinado. As palavras não fazem sentido pra quem não fala Celestial e pouco sentido para quem fala. Somente Teclis, com um muito bem pensado Detect Languages, consegue distinguir algumas palavras avulsas, mas sem uma coerência narrativa por trás.
Algumas eram palavras comuns, como ordem; porta; oferenda e estrelas. Outras, nomes próprios que não conhecia muito bem, como Aureus e Marseille. O último, com uma rolagem excepcional de história, ele reconheceu como um grupo antigo e apagado da história, a ordem de Marseille.
Quem poderiam ser? Por que foram esquecidos por uns e eram parte de cânticos mágicos de outros?
Talvez as respostas viessem mais rápido do que esperava.
Surpreso enquanto em seus devaneios, Teclis, assim como o resto do grupo não demora a reparar que pontos de luz surgem das marcações na terra, flutuando ao redor deles antes de se colocarem em posição, formando uma pequena réplica da constelação real.
Elas então começam a rodar, desenhando linhas com seus rastros de luz e formando círculos ao redor deles. Teclis percebe então um desvio do rio de mana, que parecia ter criado uma vertente descendo em direção aos pontos de luz. Percebeu brevemente o momento em que se conectaram até que Lari termina a última palavra.
As luzes descem ao chão. Mas Lari percebeu tarde demais que algo estava errado. Meu dever como mestre foi pedir um d4 dela, um simples dado que poderia mudar o rumo inteiro da campanha…
Mas o que aconteceu?
O meu segundo maior erro como GM e o motivo pelo qual, embora esse não tenha sido o fim real da sessão, estou encerrando por aqui hoje!
Deixa eu explicar.
Nossas sessões tem duração de duas horas. São bem curtas, mas acontecem às segundas e não ocupam o final de semana de ninguém. Isso tem seus benefícios e malefícios. Um dos problemas que surgem com isso é que sou forçado a terminar em lugares onde eu normalmente não terminaria.
Nessa sessão, as duas horas de sessão acabaram no final do ritual de Lari. Eu tinha em mente um final de sessão que aconteceria umas duas cenas depois. Uma, a que acontece logo depois do ritual falhar, era de suma importância para o fim do prólogo e começo da main quest. A outra, mais um plot hook pra deixar a galera animada pra próxima sessão.
Foi aí que eu errei: pedi para meus jogadores para a gente estender um pouco mais a sessão para que essas cenas acontecessem.
Eles concordaram, mas uma lição importante de vida é que horários não envolvem somente você, mas as pessoas ao seu redor. Jantar com a família, cônjuge reclamando que a sessão demorava e outros eventos do tipo começaram a acontecer com nossos players, e um a um eles se viram forçados a sair.
Me senti pressionado. Era uma sessão importante e tinha pouca gente agora. Personagens que tinham informações importantes para adicionar na interação não estavam mais presentes. Decidi acelerar a narração, com medo de que mais pessoas saíssem, mas por ser uma cena de informações importantes, quem ficou até o final acabou mais confuso do que qualquer coisa.
Confesso que foi uma sessão bastante frustrante. Embora tenha tido ótimos momentos, o final foi decepcionante e meu plot hook foi completamente ineficiente com os poucos que ficaram.
Por isso, tomei duas decisões. Primeiro, faria um remake da cena com todos presentes na próxima sessão. Não gosto da ideia de repetir, mas antes isso do que deixar meus jogadores confusos com o que é a sessão mais importante até o momento.
Segundo, não iria relatar a cena que saiu errado nesse post. Não quero confundir vocês com informações que foram dadas de forma imprecisa na hora. Com o remake na próxima sessão, vocês saberão o que aconteceu do jeito que deveria ter acontecido.
Para os GMs de plantão, tomem o tempo que precisarem e não tenham medo de refazer se necessário. É um jogo entre amigos, não uma cena de filme com produção milionária que precisa ser num take só para que dê certo. Não ponha mais pressão em si mesmo do que o necessário.
Mestrar é pra ser divertido pra você também! Você faz parte do jogo, criatura de Deus.
Disse ele, olhando para o espelho…
Enfim, fica por aqui mais um diário do mestre. Sessão que vêm teremos o fim do prólogo e o começo da main quest, onde nossos heróis entram no plano dos retcons e (re)aprendem segredos sobre o mundo em que vivem e o motivo da peregrinação.
O que acontecerá com Andrômeda?