Onde você estava quando a chuva de meteoros aconteceu?
É uma pergunta bem simples para se criar uma ficha. Um ponto em comum entre personagens que normalmente não teriam motivo para conversarem entre si. Um evento canônico para cada um dos heróis dessa campanha.
Lillian, nossa ladina meio elfo do grupo, avistou a chuva de meteoros quando estava prestes a chegar na cidade de Elphora. Cidade essa que serve como passagem para outros reinos, uma parada obrigatória para viajantes. Perfeita para aventureiros de caminhos diferentes da vida se encontrarem.
Jorc Soares, nosso ilustre bardo, membro da Sociedade de Bardos Taverneiros, vinha de um caminho diferente mas para o mesmo destino. Como todo bom bardo, procurava boas histórias e inspirações para compor. Boêmio nato, tinha um objetivo em mente chegando em Elphora: a taverna.
Gepeto, um guerreiro warforged, nem se lembra da chuva de meteoros, muito menos de como chegou em Elphora. Sua única preocupação como construto com muito tempo de estrada é recuperar as memórias que o tempo levou e responder a pergunta que o atormenta desde então: quem é seu mestre? Quem ele deve proteger?
Teclis, o mago drow do grupo, como todo bom acadêmico, procura conhecimento. Artefatos mágicos não documentados, magias arcanas apagados pelo tempo e outras quinquilharias com magia por trás. Talvez Elphora, com sua variedade cultural, consiga oferecer o que ele procura…
Aubrey, um necromante misterioso que sempre veste capuz até quando não tem sol pra bloquear, parece procurar o mesmo que Teclis. Ele carrega consigo um cajado e um tomo, contemplando seus arredores como quem tem muito em sua mente. Mas será que é isso mesmo? O que ele faz em Elphora?
A única que tinha um objetivo em mente e um motivo para estar em Elphora era a nossa clériga Lari e sua companheira, uma criança chamada Andrômeda. Elas tem um problema em suas mãos e daqui a pouco vai ser o problema de todo mundo.
Se você leu uma criança e instantaneamente pensou numa missão de escolta, parabéns! Você tá mais do que certo! Mas eles não sabem disso ainda! Eles estão muito ocupados na…
A maior taverna da cidade, lugar onde viajantes podem recuperar suas energias e, para aqueles que estão em viagens mais longas, passar a noite nas estalagens do segundo andar. Considerando a quantidade de estrangeiros que passa em Elphora, a taverna também é um excelente lugar para encontrar contatos que podem ter algum trabalho para ser feito.
Coincidentemente, todo mundo estava nessa taverna ao mesmo tempo! Que doideira, né?
Cada um fazia sua própria coisa: Lillian e Jorc pareciam apreciar o ambiente, Aubrey e Teclis os seus livros e Gepeto o seu novo trabalho de garçom.
Bom, “apreciar” definitivamente não era a palavra certa.
Com a destreza de um novato, ele conseguiu entregar todas as bebidas e comidas em tempo recorde. Nenhuma delas corretamente, claro, o que enlouquecia Alphonse, dono da taverna e seu contratante, mas ainda assim, um recorde!
Lari escaneava a taverna com os olhos, à procura de pessoas que pudesse contratar para uma aventura. Não tinha pressa, pois sabia que era importante escolher as pessoas certas. Quem não parecia ter essa preocupação era sua companheira de viagem, Andrômeda, que foi na mesa de cada um dos que ela considerava aptos e… os encarou.
Foi quase uma cena de filme de terror, se trocasse o cenário de taverna para um prédio abandonado poderia muito bem ser uma mesa de Call of Cthulu.
Depois da encarada sincera sem nenhuma segunda intenção, Andrômeda retorna para Lari e diz “São aqueles ali”. Você imaginaria que seria fácil ignorar os desejos de uma criança de contratar cinco estranhos para uma missão de escolta, mas quando a mesma criança complementa que esses rostos apareceram para ela num sonho profético, aí a coisa complica.
Lari tentou seu melhor pra quebrar o gelo com esses estrangeiros estranhos e convidou a galera pra jogar cartas. Nossos dois leitores trevosos negaram na cara dura, o que foi lindo. Também foi bem à carater: o que duas pessoas inclinadas aos estudos vão querer com um jogo de cartas?
Enquanto alguns jogadores rolavam dados para tentar roubar de criança em jogo de carta (olhando para você, Lillian), vi uma oportunidade nos que decidiram ficar sozinhos pra introduzir outro camarada importante para capítulos futuros. Vendo dois desocupados sentados sozinhos, ele viu a oportunidade perfeita para… criar contatos.
Um genasi de fogo chamado Gideon (qualquer semelhança é mera coincidência) bateu um papo com a galera dos livros, perguntando se estavam interessados em emprego. Sabe, ele tem um “serviço” que ele oferece para comerciantes ambulantes que não querem passar pela burocracia de Elphora. É uma “escolta” ao redor da cidade, que evita a papelada e protege contra “perigos”.
É um negócio que paga bem. Dependendendo do “cliente”, claro.
Aubrey e Teclis pareciam interessados, mas Alphonse, vendo o que estava acontecendo, foi prontamente em direção à mesa e expulsou Gideon. Fisicamente? Não, ele é um anão taverneiro sem a capacidade de lutar contra alguém com o Gideon. Ele usou o poder das palavras: uma miscelânea de sinônimos de “sai”, como “mete o pé”, “rala”, “xispa” e afins.
Como um presente de partida, Gideon deu uma dica para nossos amigos: “vocês tem que saber onde procurar um bom trabalho. Em outras palavras, quem tem dinheiro. Olha pra aquele grupo ali. Quem chega numa taverna e junta uma mesa pra jogar cartas? Ela é claramente estrangeira. Peixe fora d’água. E gente assim sempre tem um bocado no bolso…”
Que cara legal com um genuíno desejo de ajudar sem segundas intenções! Espero que ele apareça mais!
Dinheiro pode ser bom, mas não era o suficiente para convencer nossa dupla de trevosos a dar uma chance para a clériga com bolsos aparentemente fartos. Teclis, no entanto, percebeu um possível ponto de interesse que mudou tudo: a menina que o tinha encarado alguns minutos antes parecia ser uma fonte natural de magia.
Sentindo que aquilo podia ser o começo de uma grande descoberta na sua vida de mago, ele decidiu dar uma chance à Lari e pelo menos ouvir o que ela tinha em mente.
Agora todos juntos, Lari revelou suas verdadeiras intenções (ou será que não?):
Ela tinha que levar Andrômeda ao topo da Montanha Skybridge, uma montanha a um dia de distância a pé de Elphora. Tinham que chegar com ela ao topo e pronto. Receberiam 50 moedas de ouro cada pelo seu serviço.
Por que tinham que levar uma criança pra lá? Não sei, Lari não mencionou pro grupo. Muitos nem quiseram saber! Cinquenta moedas são cinquenta moedas.
Depois de alguma deliberação, missão aceita! Tinham um dia para se preparar, então foram para um segundo ponto de interesse da campanha…
Num lugar onde há tanta confluência de pessoas e mercadorias, é de se esperar que haja um mercado minimamente interessante. E tinha sim, mas talvez nem tanto para aventureiros…
Ou será que não?
(Eu amo essa cena de Padrinhos Mágicos, não tem jeito)
Nossa party se separou aqui, com grupos separados investigando coisas diferentes:
Jorc, interessado na chuva de meteoros e seu significado, perguntou para um grupo de senhoras o que elas achavam sobre o fenômeno. Ouviu uma míriade de histórias e significados, mas o ponto em comum entre elas? Os meteoros pareciam ter vindo de Skybridge…
Lari tentava controlar o ânimo de uma Andrômeda na sua primeira vez numa cidade tão grande quanto Elphora. Ela se aproximou de uma loja onde conseguiu ver uma pelúcia de Owlbear ao lado de um homem com cara de despreocupado. Depois de indagarem, para a infelicidade da criânca (e alívio da cuidadora?), descobriram que não estava à venda.
Teclis e Aubrey encontraram o mesmo homem da pelúcia, mas tinham os olhos em outro artefato: um livro interessante com aspecto mágico. Segundo o lojista, o livro era da longínqua época de aventureiro dele.
Ele recebeu “de presente” da amiga ladina dele que diz que “achou por aí”.
O lojista parecia determinado a retorná-lo ao seu dono original (um tal de Blackroom? Blackcastle? Ele não lembra). Teclis, com uma excelente rolada de persuasão, convenceu o lojista a dar o livro para ele, porque seu coração não o deixaria passar ali sem ajudar um amigo. Ele tinha que fazer alguma coisa.
E foi com Teclis abrindo esse livro que encerramos a sessão!
Para uma primeira sessão de uma primeira campanha, foi uma empreitada bem sucedida! Me preparei muito mais do que deveria (em retrospecto, preparei conteúdo pra três sessões) e o improviso, quando necessário, saiu bem natural.
Ficou um post maior do que os outros porque o mestre aqui, na sua infinita sabedoria, não apresentou os personagens na sessão zero. Podem esperar posts menores no futuro.
Se tem uma coisa que posso dizer sobre o que aprendi sobre preparação pra mesas de D&D é:
Mas é isso gente, fiquem de olho para o próximo post que muita coisa legal vai acontecer!